Tem dias que agente tenta, tenta, tenta e não consegue dizer uma palavra que consiga traduzir aquela coisa que bloqueia a garganta. Procurei e achei um texto meio antigo que fiz, acho que ele tenta o dizer o que EU não consigo dizer hoje.
Antes mais um trecho de uma música do meu tão querido Chico Buarque:


"Palavra minha
Matéria, minha criatura, palavra
Que me conduz
Mudo
E que me escreve desatento, palavra"




As palavras não me saem mais da boca
Escapam-me entre os dedos das mãos frias que chamam ajuda
O chão foge de meus pés como se estes os fossem o machucar
Prende-los nesse mar de cicatrizes que cerram meu peito
Perco desequilibradamente os sentidos
Grito nos meus olhos minha tristeza que se transforma no liquido transparente que me retratam os dias
Pareço viajar incessantemente nas tardes e nos finais de semana
Viajo para a terra do nunca, onde nunca nada é possível, nunca consigo me distanciar do medo que me circunda.
Parecem erros bobos, parecem perdas bobas
Mas machucam como as sérias adagas envenenadas
Em momentos tomo um sopro de esperança onde a mesma não existe
Faço do meu passado o motivo dos meus risos presentes
Perco o humor, o sorriso, os cabelos e a razão
Sou a tristeza vestida de pés, mãos e lágrimas
Sou a inconstância de cabelos pintados
Pintura falsa, como o sorriso de palhaço que desenho em meus lábios antes de sair de casa.
Desgastada de tentar eu sigo, mesmo sangrando.
Me perco no espaço e tempo que me restam
As vezes sou feliz, isso acontece quando finjo que não sou mais eu, dura cerca de 3 segundos
Pareço louca por chorar quando a água quente me toca a pele
E quando pareço ficar sem ar, sinto como se fosse meu ultimo sopro de vida
Respiro fundo e mergulho na expectativa de sentir meu fôlego se esgotar
Mais sempre me surpreendo, tem ar reserva, lamento por isso as vezes.
O sangue frio parece me pulsar o coração.
Tento gritar aos meus quanta dor eu sinto, mas as palavras não me saem mais da boca.


(Camila Muniz)