Entre as estantes da Biblioteca: vidas, obras, versos.

A poeira sobre os romances me entram nas vias nasais e se espalham por todo o meu corpo.Os romances me embaçam a alma.

Ciência! Nenhum exemplar disponível. A humanidade em busca de explicar até o olhar insano do desejo humano.

Entre Fernando Pessoa e seus vários heterônimos, sentimentos perdidos em contos, prosa, poemas.

Nas prateleiras do fundo, caído e mofado, Romeu e Julieta de Shakespeare. O amor sem limites transformado em arquivo morto.

A estante de novidades traz a tona a dúvida cristã.Junto aos códigos, anjos, demônios e a eterna ficção sobre crimes não resolvidos, está a insanidade humana.

As palavras descrevem pessoas cada vez mais frias e loucas.Busco socorro nos versos de Vinícius e nas histórias de Chico, e todos os livros estão lá! Desejei que não estivessem.

Passos curtos vem e vão entre a estrutura fria de metal que seguram Mario Quintana e Cecília Meirelles.

A Biblioteca se torna morada constante da teoria do amor, ele fica lá presa em páginas não lidas.
Me aconchego junto a Saint-Exupéry e subitamente me vem tudo de uma vez:

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas... o essencial é invisível aos olhos”
Visto-me de sorrisos e lágrimas.

A biblioteca chora. Se torna triste e amarela, como a folha rasgada do livro velho e esquecido. Ainda consigo senti-la na poeira grudada na calça Jeans desbotada.

Hoje eu trouxe para casa Veríssimo... “Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.”
Minha boca seca espera ansiosamente que meu coração se apaixone.


(Camila Muniz)