"Tão correto e tão bonito


O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos
Sei que às vezes uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?" (Legião Urbana)




Por Camila Muniz:


“Todo dia ela faz tudo sempre igual”
O trajeto, o ônibus, o trabalho, a Casa
Parece igual quando somos expectadores da vida
Mais quando somos expectadores de sonhos tudo se torna diferente
Alguns personagens mudam, outros continuam sempre ali
No ponto me preparo pra nova história, pro novo sonho de se tornar real
Escolho o assento mais distante de tudo, assim começa a viagem...
Desconhecidos se tornam figuras essenciais, posso até ouvir a voz não conhecida
Crio dias melhores, sorrisos, passeios, amores. Crio vidas em mim!
Fecho os olhos. A alma me sai do coração...
Desço do ônibus e tudo é diferente do que era antes
As coisas, pessoas, atitudes e amores...
Os seres humanos não são mais tão cruéis
Eu não sou mais tão cruel.
As conversas se tornam fáceis, os sentimentos correspondidos
Assisto a borboleta dançando no ar...
Assisto sorrisos perdidos nas faces
Abraços aquecedores, olhares acolhedores.
Eu quase crio asas, só para dançar com o vento também
O coração parece apertado... As pessoas falam, falam e falam.
Não consigo entender...
Quando recobro a consciência, as pessoas ainda estão lá.
Elas não se parecem mais humanas
O sorriso desaparece no semblante amargo
Sem abraços, sem olhares...
A alma volta ao coração... É hora de descer do ônibus.
A cada esquina desejo ao menos uma gota de esperança.
Algo que me faça ver que a primeira vez que desci do ônibus tivesse alguma realidade.