As vezes me pergunto por que meu coração parece tão rude, e tão gasto. As vezes me pego tendo a certeza que nunca mais vou sentí-lo pulsar e fico triste...Depois fico feliz de pensar e lembrar que quando pensei em sentir, já senti a dor de quem se entrega, antes de me entregar...



“Me despeço desta história,

e concluo a gente segue a direção que o nosso próprio coração mandar...

...e foi pra á, e foi pra lá” (Tiê)


Por Camila Muniz:


Hei de reconhecer o palpitar saliente em meu peito,

de sentir a ira dos aflitos enamorados.

classificar a loucura e insanidade que vulgarmente se chama paixão.

Hei de sentir na noite inoportuna o perfume fixado na roupa de cama,

Temo em lembrar-me e desejar-te num beijo.

Temo o corpo que grita a nudez insensata, a sombra e o cheiro da pele sem pudor,

Minha boca grita a tua como a sede grita a água, e num gesto impensado me entrego ao delírio imprudente de me querer sua.

Num embaraçoso sentir me procuro nos teus olhos, me perco da razão relutante.

Me arrependo de me deixar estar, no momento em que deveria ter sido mais eu,
A ira me ressalta os olhos como quem procura uma explicação lógica para o inexplicável
E as palavras me embaralham a mente quando elas não conseguem mais significar o que sinto
Me expresso e erro, e na busca de concertar o erro me confundo, me perco, me anulo.
Quisera eu ser como as flores que se curvam, mais não se quebram
Quiseram eu ter o coração de pedra que grito e sempre ofereci aos que teimaram em se aproximar.
Odeio sentir o que bate agora em peito, essa mistura de vazio com amargo.
Os impulsivos pensamentos em ti, raiva que se mistura a vontade de não querer-te
Será que se eu gritar bem alto foge de mim o que me preenche o peito?
Sei que não demora muito e passa, se fosse pra ser o compasso seria o mesmo, a vontade seria a mesma, a saudade seria a mesma, e tudo teria mudado junto... A vontade de estar não seria de somente um.