Mais do mesmo...



Por Camila Muniz:


Então eu me desenhava

em traços fortes não desmancháveis,

pedante seguia o desenho forte.

Eu me rabiscava em cores

entre rosa e vermelho sangue,

enchia meu desenho de vida,

coloria até quebrar a ponta dos lápis de cor.

Sentindo em mim a mesantropia,

a descrença no que eu desenhava em mim,

por que me vendo ali no papel,

eu me parecia com os outros,

e colorir não parecia me tornar diferente.

Foi então que vi que eu não podia estar ali naquele papel,

se não pudesse por nele o que havia em mim,

o que havia de bom.

Não sobrou muita coisa a desenhar.

..fui desmanchando tudo, mãos tortas,

lábios secos, até os cabelos de palha acabaram desfeitos.

Quando olhei denovo o desenho lá estava eu,

perfeita como eu era.

transformada no que tento ter diferente dos meus,

um coração...

...era um coração colorido de vermelho forte.